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Para conter um surto de Covid-19, um prefeito corta as estradas de acesso de um bairro de trabalhadores rurais no interior de São Paulo

Por: Lilian Primi do Instituto Macuco, 6 de junho de 2020

Prefeitura de Taquaritinga fechou acessos de distritos a Cândido Rodrigues

A prefeitura de Taquaritinga interrompeu essa semana as duas vias de ligação dos distritos de Jurupema e Vila Negri à cidade de Cândido Rodrigues, na região Noroeste do Estado de São Paulo. O trânsito dessas vias, formado principalmente por distribuidores que fazem a colheita e o transporte de frutas da região, foi desviado para a rodovia Washington Luís, e direcionado para barreiras sanitárias instaladas na entrada de Taquaritinga. A medida foi tomada pelo prefeito Vanderlei Mársico, segundo notas da assessoria de imprensa da cidade, “após a prefeitura da cidade vizinha endurecer as medidas de isolamento social.” 

Nas redes sociais do pessoal que transita por ali, a informação que circulou é de que havia um surto de covid-19 descontrolado em Cândido Rodrigues, onde mais de 20 pessoas teriam sido contaminadas no velório de um parente morto pela doença. A Prefeitura estaria monitorando 63 pessoas que compareceram ao velório. “Está fora de controle lá”, disse um motorista.

“Esse surto é muito preocupante, porque de um lado vai afetar os trabalhadores na colheita, os agricultores familiares que também lidam com as lavouras e vai impactar no abastecimento interno de frutas. Pode ainda servir de vetor de disseminação”, alerta o engenheiro agrônomo Osvaldo Aly Junior, pesquisador do Núcleo de Pesquisa e Documentação Rural (Nupedor), da Universidade de Araraquara.

Taquaritinga, com 57 mil habitantes e 11 casos de covid-19 confirmados, é conhecida como “capital da goiaba”, sede da maior fábrica de goiabada da América do Sul, a Guari Fruits, e os 800 produtores instalados ali, 70% deles com propriedades de menos de 50 hectares, também plantam carambola, maracujá, abacate, lichia, tangerina, soja e amendoim, produzem leite e carne. A região é responsável por 40% da produção nacional de frutas e pelo abastecimento dos mercados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. 

Cândido Rodrigues tem apenas 2.668 moradores e segundo o IBGE, 10 foram contaminados. Aly diz que a preocupação existe porque, embora pareça um problema local, a dinâmica do trabalho nas lavouras da região envolvem a movimentação intensa de trabalhadores. “Não são mão de obra fixa, trabalham em diferentes municípios dessa microrregião. Quem colhe em Cândido Rodrigues, colhe em Taquaritinga, em Monte Alto, em Jaboticabal, uma hora está na cana, outra na fruta. Ele anda na região. Há relatos de que é comum ver esse pessoal fazendo a colheita sem máscaras e sem distanciamento social”, diz.

Para continuar lendo, clicar no link a seguir:

https://www.congressointernacionaldotrabalho.com/copia-noticias-reabertura-sp

No contexto Covid-19, a política de segurança alimentar está produzindo uma crise alimentar

Por: Gerson Teixeira, ex-presidente da ABRA*, 30 de maio, 2020

A concentração das terras continua no Brasil. Foto: Clovishi
Fonte: https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/meio-ambiente/59732/governo-bolsonaro-aprovou-mais-agrotoxicos-em-200-dias-que-a-uniao-europeia-em-oito-anos

Exceto por experiências episódicas, há muito o Brasil abdicou de estratégias consistentes para a promoção do efetivo desenvolvimento do país. Mesmo os debates sobre o tema do desenvolvimento perderam espaço na agenda nacional. Ao que parece nos conformamos com a caracterização de ‘país emergente’! 

 Tem sido ‘mais fácil’ a duvidosa projeção do Brasil para o status de ‘o grande líder’ do planeta na oferta de algumas commodities agropecuárias, no caso. Afinal, basta a rendição aos interesses da grande exploração agropecuária; a aposta na tradição primário-exportadora do país; e nos cenários promissores de uma forte demanda alimentar mundial, centrada na Ásia, que ademais de superlativa tem a ‘vantagem’ adicional de apresentar-se livre de tensões socioambientais. E isto, sem base regulatória interna capaz de efetivamente mitigar, contornar, reparar ou remunerar os vultosos custos socioambientais e territoriais, e as perdas econômicas implícitas ao projeto. 

O fato é que a trajetória de desindustrialização do Brasil tem sido acompanhada do avanço da economia do agronegócio sob o controle do capital internacional, com baixa internalização e diversificação de efeitos econômicos no elo industrial desta vasta cadeia que tem na arcaica estrutura de posse da terra e nas mazelas da sua utilização, as dimensões fundantes do projeto. 

 De 2005 para 2018 as exportações brasileiras do agronegócio saltaram de US$ 43.5 bilhões, para US$ 101.4 bilhões, sendo que em 2019 houve um recuo de 4.3% no valor exportado em razão da queda de 6.9% no índice de preços das exportações do agronegócio brasileiro. Ainda assim, o setor aumentou sua participação nas exportações do Brasil, de 42,3% do total em 2018 para 43,2% em 2019. No período de 2005 para 2019, a participação da China nas compras dos produtos do agronegócio do Brasil saltou de 7% para 35%. 

Para destacar um dos múltiplos efeitos colaterais dessa duvidosa opção brasileira, em 2019, a área requerida para a produção do volume exportado de soja (90 milhões de toneladas considerado o complexo soja) foi de cerca de 29 milhões de hectares, ou 80% dos 36 milhões de hectares da área plantada com soja na safra. No caso do milho, a área plantada para produzir os 43 milhões exportados equivaleu a 8.2 milhões hectares, ou 46% da área total plantada com milho. Em resumo, para exportar apenas esses dois produtos o Brasil utiliza área equivalente a 51% da área total com lavouras temporárias (73 milhões ha), ou 59% da área total plantada com grãos (63 milhões ha). 

Com as prioridades focadas para o setor exportador simultaneamente observa-se a fragilização das estruturas de produção e abastecimento dos alimentos essenciais da dieta básica dos brasileiros. No caso da estrutura produtiva, vimos que a área com lavouras do país passou a ser ocupada preponderantemente com as commodities exportáveis. Para demonstrar o fenômeno em perspectiva, as figuras abaixo apresentam os índices de área plantada de culturas selecionadas no período de 1995 a 2019 (com 1995=100). A primeira figura apresenta o índice para culturas com elevados conteúdos exportadores: soja, cana e milho. No caso do milho, trata-se de produto que penas 

recentemente passou a ter peso substancial nas exportações. Em 2010 o Brasil exportava 11 milhões de toneladas de milho; em 2019 o país exportou 43 milhões de toneladas passando a assumir a 2ª colocação no ranking mundial, pouco atrás dos EUA. Na 1ª figura, vemos que o índice passou de 100 para 315.5 no caso da soja; para 129.6 no caso do milho; e 217 para a cana. Na figura seguinte, os índices decresceram de 100, para 38.7 no caso do arroz; 53.1 para o feijão; 60.8 para a mandioca; e 66.6 para batata. 

Gráfico 1

A política de crédito rural oficial (e também a privada) um dos instrumentos indutores dessa realidade, ‘abandonou’ o financiamento da produção dos alimentos mais presentes na culinária brasileira. Para agravar, desde o golpe de 2016 e, em especial, com o atual governo, os estoques públicos de alimentos simplesmente deixaram de ser preocupação por parte do poder público, conforme demonstraremos. Derivado desse quadro, o Brasil experimenta fenômeno de carestia dos alimentos, o qual, por suposto, pune de fora desproporcional as camadas populacionais nas faixas inferiores de renda que são a grande maioria da população brasileira. 

Sobre o crédito, Em 2019, dos R$ 61,8 bilhões das dotações do crédito rural oficial aplicados no custeio das lavouras, 81% foram destinados ao custeio da soja, milho, café e 

cana, sendo que somente o custeio da soja consumiu 49.2% desses recursos. Especificamente no Pronaf, que deveria estar voltado para a produção de comida, o quadro não é diferente. Em 2019, o custeio da soja consumiu 42% dos R$ 8.2 bilhões aplicados no custeio das lavouras pelo programa. 

Sobre os estoques públicos de alimentos, observe-se na sequência de figuras a seguir, a evolução (2014/2020) do volume médio dos estoques de alimentos estratégicos, no período de janeiro a maio.

Gráfico 2 

Produção decrescente dos alimentos básicos da dieta brasileira. Em toneladas.
Fonte: CONAB. Organização: autor.

No quadro abaixo, comparamos os estoques médios dos alimentos (jan/mai 2020) com os respectivos níveis do consumo nacional para demonstrar o estado crítico dessa relação, que traduz rigorosamente o abandono de uma política decisiva para a estabilidade dos preços e da garantia da segurança alimentar: 

Quadro 1

Organização: autor.

Em resumo, mesmo com a demanda alimentar represada por conta da crise econômica, neste momento levada ao extremo pelos efeitos da pandemia, ainda assim, constata-se acentuada vulnerabilidade do abastecimento alimentar que vem se refletindo em processo de inflação da comida que pune ainda mais as populações vulneráveis. 

De acordo com o IBGE, no acumulado do período de janeiro/abril do presente ano, o IPCA geral variou 0.22% e o da “alimentação no domicílio”, 3.94%, ou 18 vezes mais que o índice geral. Esse resultado ponderado ‘acoberta’ altas estratosféricas nesse período de alguns alimentos dos mais essenciais da dieta dos brasileiros. Ressalvadas sazonalidades, de janeiro a abril os preços médios da cenoura saltaram 97% (441 vezes maior que o IPCA Geral); os do tomate, 52%; cebola, 49%; batata, 42%; feijão, 23%; banana, 20%, etc. 

Portanto, ante o exposto, é realista afirmar que o Brasil somente não experimenta uma grave crise no abastecimento alimentar interno por conta do incremento da pobreza, da miséria, e consequentemente da fome, o que obviamente impacta na redução da demanda alimentar. Qualquer projeto ou iniciativa de recuperação da economia brasileira e, por conseguinte, do emprego e da renda, deve ser acompanhado de medidas robustas pelo ajustamento da oferta alimentar. Para agravar, mesmo as importações de alimentos estratégicos a exemplo do trigo, enfrentam os efeitos do ‘novo câmbio’ e a insensatez política do atual governo que dissemina a beligerância mesmo entre nações aliadas históricas.

*ABRA é a Associação Brasileira de Reforma Agrária. O artigo foi divulgado originalmente pela Secretaria Geral do MST em 31 de maio.

Frigoríficos no Brasil também são focos de trabalhadores infectados com Covid-19

De: Fernando Mendonça Heck (IFSP- Tupã) & Lindberg Nascimento Júnior (UFSC), 27 de maio, 2020.

Mapa mostra a concentração de pessoas infectados pelo coronavírus em torno dos frigoríficos de abatimento de aves no sul do Brasil até dia 20 de maio.

Segundo Fernando Mendonça Heck, do Instituto Federal de São Paulo em Tupã, “os frigoríficos já são conhecidos pelo preocupante número de casos de agravos à saúde do trabalhador relacionados diretamente ao processo produtivo como as Lesões Por Esforços Repetitivos”. Porém, os casos da Covid-19 aprofundam essa situação que degrada a saúde dos trabalhadores, pois “apesar de serem considerados atividades essenciais, o processo produtivo aglomera trabalhadores em ambientes fechados com baixa taxa de renovação de ar e sem o distanciamento mínimo necessário para evitar o contágio. Tais condições favorecem a proliferação do vírus”, afirma o pesquisador.

Para Lindberg Nascimento Júnior, da Universidade Federal de Santa Catarina, “o conhecimento do padrão espacial da COVID-19 não somente oferece possibilidades de criar mapeamentos e produtos cartográficos informativos e de fácil assimilação, mas principalmente a produção de um conhecimento que auxilie nos processos decisórios para a proteção, segurança e saúde dos/as trabalhadores/as, principalmente em setores que, em sua maioria, não tiveram as atividades paralisadas em função da pandemia”.

O estudo foi baseado tendo como universo de análise os municípios da Região Sul e as informações de casos confirmados da COVID-19 – conforme Radar COVID-19 até o dia 20/05/2020 – e o número de vínculos (empregos) e estabelecimentos associados a frigoríficos de aves e suínos obtidos via Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).

Os pesquisadores destacam que irão publicar os resultados da pesquisa em periódico científico e que a mesma está relacionada ao projeto universal, financiado pelo CNPQ, e intitulado “Cartografia da Saúde do(a) trabalhador(a) em frigoríficos no Brasil”, coordenado pelo professor Fernando Mendonça Heck do IFSP-Tupã, bem como no conjunto das ações do projeto “Corona-GIS” da Universidade Federal de Santa Catarina, do qual o Professor Lindberg Nascimento Júnior faz parte.

A descoberta do padrão combina com a experiência de trabalhadores na agroindústria de carnes em diversos países da América, como mostra vários artigos publicados recentemente neste site.

Para saber mais, ler o artigo original em:

https://tup.ifsp.edu.br/portal/index.php/noticias/612-pesquisadores-do-ifsp-e-ufsc-encontram-relacao-entre-casos-da-covid-19-e-frigorificos-no-sul-do-brasil

Na era do Covid-19, o governo do Brasil propunha usar a cobertura da pandemia para relaxar regulamentos de controle do agronegócio

“Enquanto estamos neste momento de tranquilidade no aspecto de cobertura da imprensa, porque só fala de Covid, é ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas. De Iphan, de Ministério da Agricultura, de Ministério de Meio-Ambiente,” diz o Ricardo Salles, ministro do Meio-Ambiente em uma gravação da reunião ministerial do dia 22 de abril, 2020, revelada em 22 de maio.

No seguinte artigo, a antropóloga Dibe Ayoub e mais três colegas examinaram o perigo não só de destruição ambiental, mas também de fome em massa provocada pelas ações perversas do governo do presidente Jair Bolsonaro.

Bolsonaro, Covid-19 and the specter of hunger in Brazil

Posto por Dibe Ayoub, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 30 de abril, 2020

The COVID-19 pandemic arrives in Brazil at a time of political and economic crisis, deepened by the fact that the far-right president Jair Bolsonaro is one of the few remaining world negationist leaders – frequently minimizing the gravity of the pandemic and urging for the end of social isolation measures so that economic activity may resume to “normality”. As of April 19th, the National Executive Branch had not yet released any money to guarantee food security and income transfer, despite the fact that:

1) more than two weeks ago, the National Congress authorized the payment of an emergency basic income for families in a situation of socioeconomic vulnerability;

2) many federal states have been in social isolation for over a month; 

3) 40.7% of working population in Brazil is in the informal sector.

Follow the link to continue reading:

Pandemics and the specter of hunger in Brazil: a multidimensional crisis and a negationist president

Using territory and self-determination to resist COVID-19 in the Mexican mountains

Por: Tania Eulalia Martinez Cruz, CASAS, 5 May 2020

Mexico is a diverse country and as such, each region is coping with COVID19 in different ways with the resources they have. Today, I will describe the coping mechanisms of my hometown, Tamazulapam Mixe, a little indigenous community located in the mountains of “Sierra Norte” in Oaxaca, Mexico. Many people know us as “the never conquered people”, who successfully resisted the colonizers when they came in the 1500s. We take pride in our maintained ‘sovereignty and autonomy’ connecting us to our territory and identity as Mixe or ‘Ayuuk’ people and which we have used to face many challenges like COVID19.

Sierra Mixe en el centro de Mexico
“Our territory and home, the place to enact self-determination.”

To learn more, continue reading at:

Resisting in the mountains in Mexico: using territory and self-determination to resist COVID-19

COVID-19 exposes the problems of land concentration: food imports and the limits of policies for peasant support in Paraguay

Por: Priscila Delgado de Carvalho, CASAS, 17 May 2020

Cocina popular en Paraguay
Fuente: CASAS – Collective of Agrarian Scholar-Activists from the South

The government of Paraguay adopted preventive sanitary measures on March 10th, prohibiting activities that gather many people, and, later, on March 28th, adopted stronger measures for isolation. On March 13th, the government announced an increase in the value of the cash transfer programs to the vulnerable and senior population (Tekoporã and Adulto Mayor). There were discussions about how to provide food baskets for poor families and the government finally decided to offer the support in the form of a bonus (of around USD 1-1,50/day, per family, the amount also being a contested issue). Around 24% of the population lives below the poverty line and widespread informal workers are especially affected by the isolation measures.

Fresh food prices (tomatoes, potatoes, onions) have risen abusively in the country – rural unions spoke of 100-500% raise. The increase was a consequence of impacts of the pandemics on food imports from Argentina and by intermediaries’ bad practices, says the Ministry of Agriculture and Livestock (MAG). Officials claimed that both governments were working to solve the problem. The Ministry has announced a decrease in taxes, supervision over intermediaries, price controls and active search for other importers. 

In Paraguay, agribusiness controls 94% of agricultural land. The remaining 6% is in the hands of small farmers – some producing for self-consumption and many far from the capital Assunción and its outskirts that concentrate ⅓ of the countries’ population. One of the consequences of this level of land concentration, allied to a lack of support for indigenous, peasants and small farmers, is that Paraguay depends on food imports. Paraguay is self-sufficient in yucca and banana only (Base Is, 2000). 

To find out more, continue reading this article at:

In Paraguay, COVID-19 exposes the problems of land concentration: food imports and the limits of policies for peasant support

Urgencia de estrategia pos-petrolera para un futuro pro-campesino del Ecuador

Una enseñanza de la crisis Covid-19

Por: Francisco Hidalgo Flor, sociólogo y investigador Sipae, Universidad Central del Ecuador, Membro de CLACSO, Grupo de Trabajo “Estudios críticos del desarrollo rural”.

Evoluciones de exportaciones ecuatorianas 2002-2019
Elaboración: María Quizphe y Eliana Anangonó (Sipae)

La crisis sanitaria ha devenido en crisis humanitaria, con punto de origen en China a fines de diciembre y rápidamente expandida a nivel global, por la acelerada difusión del Covid 19, incrementada por la interconexión mundial, la aguda urbanización planetaria, la debilidad de los sistemas públicos de salud, aquejados por décadas de políticas neoliberales, y menospreciada por estrechas élites gobernantes (los Trump y Bolsonaro), hoy pone en cuestión si el mundo construido es capaz o no de proteger la vida de sus habitantes.

Crisis humanitaria pues a la crisis sanitaria se ha juntado una crisis laboral, millones de desempleados en los países centrales al igual que en los periféricos, la crisis alimentaria, regiones y pueblos que no pueden acceder a alimentos, y una crisis de gobernanza global: cada potencia intenta salvarse por su lado a costa del resto del planeta: he ahí a Trump jaqueando a la debilitada Organización Mundial de la Salud.

Una de esas repercusiones es la crisis petrolera: el hidrocarburo ya no garantiza al patrón de acumulación predominante y este empieza a crujir.

Este acontecimiento es gravitante para países como el Ecuador, con largo historial de rentismo petrolero (durante casi cinco décadas hemos exportado petróleo crudo e importado derivados), pues los pone en condición tambaleante.

El rentismo petrolero ha tenido en estos días, en especial el 20 de abril, un colapso drástico, ese día el precio del hidrocarburo, en los mercados internacionales, fue de – 37 (menos 37) centavos americanos: los tenedores de petróleo pagaban para que se lo llevaran.

De hecho, antes que se expandiera la pandemia a nivel global, a mediados de marzo, ya el precio descendió en precios por debajo de los treinta dólares, por una sobreoferta desde Rusia y Arabia Saudita.

Días después, al iniciar el mes de mayo, va dando tumbos en una franja entre los diez y veinte dólares. Pero no es solo colapso en el precio del petróleo, este puede variar, pero probablemente este año no llegará a lo previsto en el presupuesto nacional (de sesenta dólares).

Es el derrumbe de la estrategia rentista petrolera: explotación del hidrocarburo y especulación en los mercados de futuro, a costa de la incesante e imparable destrucción de la naturaleza.

Esto obliga a diseñar un cambio profundo en la economía y modelo de desarrollo del presente y futuro del Ecuador, e igual a otros países aquejados por la petro – dependencia en Latinoamérica.

Carece de sentido, en el marco de esta crisis humanitaria, mantener la explotación petrolera y el extractivismo como ejes de la economía de cualquier país en el mundo, pues es evidente que su evolución profundiza el deterioro ambiental global, la destrucción de ecosistemas.

Esto es aún más cierto para países como el Ecuador, una nación con importantes diversidades sociales, étnicas, biológicas, ecosistémicas, donde el horizonte debe ser mantener y acrecentar esas diversidades, no aniquilarlas.

En la pasada crisis que atravesó el Ecuador en el año 1999, a la cual nos vamos asemejando, ya se planteó la urgencia de pensar estrategias pos – petroleras, tanto por la limitación en reservas que posee el país, como por las repercusiones ambientales y humanas. Ya entonces era necesario dejar atrás el rentismo petrolero.

Por eso surgieron propuestas que sorprendieron al mundo por su innovación, como la iniciativa Yasuní, dejar bajo tierra las reservas petroleras ubicadas en esta región de la amazonia, de alta biodiversidad.

Pero fue torpedeada desde una cúpula gobernante desarrollista, obnubilada por el incremento momentáneo en el precio de las materias primas (fase de commodities) y la voracidad por millonarios contratos de megaobras con sobreprecio.

Ahora en el 2020, cuando se debate sobre vías para enfrentar la crisis, es crucial en las miradas estratégicas para el Ecuador volver a colocar propuestas pos – petroleras como fundamento en las propuestas hacia dentro y hacia afuera del país. Sería muy grave cerrar los ojos y persistir por el sendero extractivista.

LA MONTAÑA RUSA DEL RENTISMO PETROLERO

El rentismo petrolero ha sido la columna vertebral del patrón de acumulación primario – exportador desde mediados de los años 70 del siglo XX hasta la actualidad, sus vaivenes han sido incesantes, las épocas de prosperidad han estado marcadas por los incrementos de precio y las épocas de desgracia por el derrumbe de la cotización de los hidrocarburos.

Los intentos por la industrialización siempre fueron débiles, esfuerzos nacionalistas boicoteados por las administraciones estatales ávidas de ganancias inmediatas, incluidas las de la década anterior, y la presión de transnacionales, incluidas las chinas.

Es pertinente presentar al lector la información sobre evolución de las exportaciones ecuatorianas en los últimos veinte años, veamos el siguiente gráfico, elaborado[1] sobre base de datos del Banco Central[2].

Analicemos la evolución desde inicios del siglo XXI para acá de las principales exportaciones que tiene el país: petróleo crudo, productos primarios sin petróleo, industrializados.

La línea  de la evolución de las exportaciones de petróleo crudo se asemeja a una montaña rusa con caídas graves en los años 2002, 2009, 2015 y elevaciones notables en 2008, 2013 – 2014 (el mejor año es 2013 con exportaciones por un monto de 13.400 millones); para el 2019 las exportaciones de petróleo crudo cayeron y apenas alcanzan a 7.000 millones de dólares (casi la mitad de su mejor momento);  superado por la línea del valor de las exportaciones de primarios no petroleros (camarón, banano, flores) que llegó a 9.120 millones de dólares (este fue su mejor año, seguido por el registro del 2018 con 9.100 millones). Cabe señalar la línea de la evolución de las exportaciones de industrializados (derivados de petróleo, elaborados productos del mar, manufacturas de metales) se mantiene constante (su mejor año fue en 2012 con 5.400 millones) ahora se mantienen en tercer lugar con 4.100 millones de dólares.

Para este 2020 es muy previsible la debacle de las exportaciones petroleras, pero también caerán las de primarios e industrializados, probablemente volvamos a niveles de quince años atrás. El conjunto del patrón primario – exportador cruje por todos sus costados.

Añadamos la complicación que deviene de la dolarización, por lo tanto un país carente de política monetaria.

Es hora de romper la continuidad que arrastramos desde fines del siglo XIX, de boom cacaotero a boom bananero luego a boom petrolero. Es un espejismo apostar a un supuesto boom minero por venir. Sería el peor error estratégico del Ecuador.

Es imprescindible volver a pensar en un Ecuador pos – petrolero y pos – extractivista.

El país demanda verdaderas estrategias de política pública, no remiendos de coyuntura, dar un giro y colocar en otros andariveles las dinámicas de la producción, del trabajo, de la alimentación, de la preservación ambiental, que a la par generen equidad e inclusión.

Pensamos en andariveles de una sustentabilidad productiva aliada con el trabajo y con la naturaleza, de una alianza entre el campo y la ciudad, de una descentralización y desconcentración que potencie zonas internas. Hablamos de transformar la relación entre mercados locales y nacional, la necesidad de una articulación entre producción regional y producción nacional, modelo de industrialización ligada a la generación de empleo, modelo de agricultura ligada a la alimentación de los sectores populares, alimentos sanos y frescos, potenciar a territorios indígenas, montuvios, afrodescendientes, que contengan a la población a nivel de parroquia, de cantón, de provincia, disminuir los rangos de la emigración.

De allí que un pilar de la estrategia pos – petrolera es colocar a las agriculturas familiares y campesinas en un rol clave de la reproducción de la vida, redistribuir tierras, agua y mercados, garantizar el acceso y tenencia de pequeños y medianos productores. Que a los sin tierra, que a las mujeres y jóvenes rurales, se les abra nuevas opciones en las provincias del interior. He ahí una de las claves.


[1] Elaboración: Sipae, agradezco el apoyo de María Quizphe y Eliana Anangonó para la recolección de datos y elaboración del gráfico.

[2] Fuente: Estadísticas del Banco Central del Ecuador; consultar en: https://contenido.bce.fin.ec/documentos/PublicacionesNotas/Catalogo/Anuario/Anuario32/IndiceAnuario37.htm

Na era do Covid-19, os caminhos da laranja

por Maria Aparecida Moraes Silva, socióloga rural, 16 de abril, 2020.

Durante este período de quarentena, imposto pela disseminação do coronavírus, tenho recebido em minha casa, produtos alimentícios advindos de supermercados, quitandas e empórios. Recebo tais produtos das mãos de entregadores. Ao higienizá-los antes do consumo, refleti sobre o caminho deles até a minha casa.

Vou tomar o exemplo da laranja. Quais são os caminhos percorridos por esta fruta? Antes de chegar à minha casa, ela estava numa banca de supermercado ou quitanda. Ali fora embalada pelas mãos de um empacotador. Antes, fora transportada por um caminhoneiro empregado por firmas de distribuição, que a recolheu em algum depósito, situado na região onde resido, uma cidade do interior do estado de São Paulo, não longe de muitas plantações de laranja. Antes da chegada ao depósito, esta fruta fora trazida também por caminhoneiro, que por sua vez, recolheu-a num pomar, após ser colhida por um trabalhador ou trabalhadora rural.

Para continuar lendo, visita a página Observatório do Trabalho István Mészáros (OTIM) em:

Os caminhos da laranja

Na era do Covid-19, os trabalhadores rurais são essenciais

Por Maria Aparecida de Morais Silva, socióloga rural, 23 de abril, 2020.

Muitas são as notícias, vinculadas em diferentes meios de comunicação, sobre os trabalhadores em serviços essenciais para garantirem a estrutura sanitária e alimentar nestes tempos sombrios causados pelo novo coronavírus. Ainda que tais informações sejam de extrema relevância, vale destacar que uma categoria ausente desta lista de serviços essenciais é a dos/as trabalhadores/as rurais. São elas e eles os responsáveis por levarem os alimentos às feiras, sobretudo, os provenientes da agricultura familiar. Há que se considerar também que outros alimentos são provenientes da agricultura que emprega assalariados/as. Estariam nesta lista, frutas, como a laranja, manga, maçãs, além de legumes, ovos, cebola, alho, carnes (bovina, aves) etc. O que se constata é que tais trabalhadores são obnubilados, negados e considerados inexistentes. Num país de commodities, que chama a atenção do mundo pelos gigantescos volumes de produção de soja, açúcar, carnes, sucos de laranja, isto pode causar certa estranheza.

Para continuar lendo, visita a página dedicada a pandemia do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal São Carlos, em:

http://www.ppgs.ufscar.br/sociologia-na-pandemia-6/

Foto de confinamento de porcos, na página do Observatório do Trabalho István Mészáros/CEGET/UNESP. Consulta em:

Em tempos de coronavírus, os trabalhadores rurais são essenciais

Na era do COVID-19: Trabalhadores de frigorífico escravizados como trabalhadores essenciais?

Gerardo Otero, Simon Fraser University

(Kailey Whitman for The Washington Post)

Apenas pessoas que entraram nas forças armadas têm expectativa de legalmente enfrentar situações de vida e morte. Pode dizer que têm o dever patriotico de defender seu páis. Mas a administração Trump nos Estados Unidos declarou a indústria de carne é essencial, colocando em risco a vida dos trabalhadores em frigoríficos. Por causa das relações de produção, que exigem que os trabalhares trabalham lado a lado, são centenas já infectados com o cornonavírus em diversos locais.

Otero mandou link de uma analise desta política que destaca os vínculos com América Latina. Próximo 80% dos trabalhadores são da região, enquanto os donos da indústria geralmente “brancos”. Daí temos a imagem dos latinos forçados a trabalhar em condições de risco de vida para a carne dos hamburgers que o Trump adora consumir.

Apontamos que pelo menos um gigante desta indústria é brasileira, a JBS.

Veja o artigo em:

https://www.washingtonpost.com/opinions/2020/05/11/jonathan-safran-foer-meat-is-not-essential-why-are-we-killing-it/?arc404=true